Os “Lenços dos Namorados” assumiram então a forma ideal para uma declaração de amor da bordadeira ao seu amado, através de quadras e de simbologias bordadas no referido lenço. O uso do lenço pelo homem, por cima do casaco domingueiro e colocado ao pescoço, com o nó para a frente, constituía o assumir público do comprometimento. Podia também ser usado na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau que era costume o rapaz trazer consigo.
Caso a rapariga não fosse correspondiada o lenço voltaria às suas mãos. Se o namorado trocasse de parceira, fazia chegar à sua antiga pretendida o lenço, fazendo-o acompanhar de todos os objectos que ele possuía, fotografias e cartas. Do mais “clássico” ao mais “barroco” na exibição decorativa, em todos os lenços está presente a temática amorosa.
Uma ideologia, uma religião e uma paixão ardente, é o que defendem estes lenços, no fundo uma maneira de sentir a vida, talvez recria-la mesmo inconscientemente.
O ponto de cruz parece ter sido o ponto original destes lenços e por isso a sua confecção era muito morosa, levando por vezes semanas e até meses. Com o passar dos anos, a estratégia da bordadira para diminuir esse tempo foi encontrada na utilização de pontos mais fáceis de bordar, como o “ponto pé-de-flor” ou o “ponto cadeia”, e recorrendo frequentemente ao “crivo” e ao “cheio”.
Foi no século XIX, porém, que os lenços de namorados sofreram a maior alteração Com a vulgarização das cores, nos anos 30, as bordadeiras deixaram de usar-como até aí-apenas o vermelho e o preto no ponto cruz, passando a utilizar as novas cores.
A temática nestes lenços é muito variada e vai desde a representação de símbolos religiosos ligados ao acto do casamento, a testemunhos de acontecimentos marcantes em determinadas épocas, como a emigração para o Brasi. Mas também é comum verem-se nalguns lenços cestas, cântaros e pipas bordadas numa alusão às vindimas e outros trabalhos agrícolas. Para além de desenhos de passarinhos, ramos, flores, etc., as raparigas também bordavam quadras, uma data, um nome, ou outros dizeres amorosos atropelos linguísticos que ainda hoje, por tradição, se reproduzem na íntegra. Em todos, porém, o tema do amor está presente quer através da representação de corações, quer através da palavra amor neles bordada.
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